Menu
LISBOA
A apresentação das listas de candidatos do PSD para as próximas eleições ficou marcada por uma surpresa chamada Dr. Fernando Nobre. Pessoalmente, considero a escolha, um erro de casting político porque o candidato em questão está politicamente sobreavaliado. Apesar do honroso resultado que obteve nas últimas presidenciais, penso que ele ficou a dever-se, essencialmente, a um PS fragilizado e com um candidato presidencial fraco, uma excessiva fragmentação da esquerda e ao respectivo voto de castigo.
O fundamento político do Dr. Fernando Nobre reside possivelmente no eleitorado moderado e descontente com a actual classe política, mas ao aceitar ser cabeça de lista pelo PSD por Lisboa esgotou o seu capital político. A sua decisão esta impregnada por uma profunda incoerência política face as posições que defendeu e as declarações que proferiu durante as presidenciais, que somente, decorreram há 3 meses. Para a sua base eleitoral este compromisso resulta incompreensível, um profundo desapontamento, inclusive, uma traição aos seus próprios princípios. Enquanto, para o PSD é uma tentativa frustrada para captar eleitorado do centro. Estou convencido que este sentimento foi amplamente reforçado pelas declarações infelizes do próprio Dr. Fernando Nobre, ao condicionar a sua própria disponibilidade em função de ser ou não eleito para ocupar a Presidência da Assembleia da República. Resulta estranho como uma pessoa que era absolutamente desconhecida para a maioria dos portugueses, antes das presidenciais, está a impor tantas condicionantes para exercer um cargo público, quando, existem milhares de portugueses desempregados. As declarações do Dr. Fernando Nobre provocaram incómodo entre os seus futuros pares, para eles, a segunda figura do Estado deve ser ocupada por alguém com carreira parlamentar, mas o insuportável, foi a desconsideração que as declarações pressupuseram para a função de deputado, como algo, menor. Creio que para a maioria dos portugueses é totalmente indiferente as susceptibilidades dos deputados, mas presumir de forma antecipada uma vitória do PSD como um dado adquirido pode ser um erro grave. Porque perante este cenário catastrófico que se avizinha, seria expectável uma maior diferença nas sondagens entre os dois maiores partidos, no entanto, parece que a margem se está a encurtar. Muitas vezes fica a impressão, generalizada ou não, o PSD não quer ganhar as próximas eleições, pois são tantos os deslizes na sua comunicação e a quantidade de trunfos que distribui pelos seus adversários políticos, que realmente, dão que pensar. Sinceramente, fico na dúvida, o problema, é se a maioria dos portugueses, como eu, também começarem a ficar na dúvida. PS. Para desmistificar, estou cada vez mais convencido, o PSD vai perder as próximas eleições. Afonso Pinheiro
0 Comments
Quando soube que Sócrates tinha sido vaiado na Guarda durante uma inauguração, não fiquei propriamente surpreendido porque o clima social em Portugal deve ser de cortar a faca. No entanto, achei interessante, a argúcia com que despachou a situação, lembrando aos manifestantes e a todos os portugueses que as portagens nas Scut’s eram uma consequência do acordo celebrado com o PSD.
De uma forma rápida inverteu o ónus da responsabilidade, o PS passou para a oposição e o PSD para o governo. No dia seguinte, o Vice-Presidente do PSD veio corroborar a tese. Tudo o que de mau vier a acontecer num futuro próximo estará intimamente ligado a esse dia em que PS e PSD negociaram o OE na privacidade. Sempre que acontecer um protesto popular, Sócrates poderá argumentar, nós tivemos que negociar um acordo com o PSD. Uma situação que vai provocar bastantes incómodos no PSD porque não pode desmentir Sócrates. O mais problemático vai ser quando as pessoas fizerem a seguinte associação de ideias: já não aguentamos mais, quem foi o tipo que negociou com o PS? O Eduardo Catroga. Quem é o tipo que está preparar o programa de governo do PSD? O Eduardo Catroga. Vamos querer votar nestes tipos? Parece-me que não. Eu sei que as circunstâncias políticas em Portugal se alteraram um pouco, o Sócrates ainda entalou mais o PSD, apresentou um PEC de surpresa sem passar cavaco a ninguém. O PEC senão passar vai provocar, provavelmente, a queda do Governo e possivelmente ser o pretexto ideal para solicitar a ajuda externa. O problema, é que se isso acontecer ninguém sabe em que condições o PS vai negociar a ajuda e portanto ninguém sabe o peso do fardo. Portanto, o PSD não sabe qual vai ser o seu legado, e nem está preparado neste momento para ser uma alternativa de governo sustentável. Se houver eleições antecipadas, o PSD vai ganhar, mas será apenas mais um Governo de transição. Sócrates teve uma visão de lince apesar de estar em vias de extinção. Afonso Pinheiro A primeira vez que ouvi falar na construção do TGV em Portugal, já vivia no estrangeiro, lembro de na altura ter achado um exagero cogitar-se a construção de cinco linhas, achei que duas linhas seriam suficientes, uma de Lisboa à Madrid e outra de Lisboa à Vigo.
Com o passar dos anos o projecto foi sendo sucessivamente adiado pelos mais diversos motivos, desde razões estratégicas, financeiras e de viabilidade económica. No entanto, durante estes anos todos foram-se gastando milhões de euros em estudos. A mesma coisa, aconteceu com o projecto para o novo Aeroporto de Lisboa, fizeram-se inúmeros estudos, apontaram-se diversas localizações, chegou-se a alterar a localização final do Aeroporto, para por fim, o projecto ficar em stand-by. É verdade que a conjuntura actual não favorece estes empreendimentos, estamos na eminência de uma quebra de liquidez, mas somente, quem nunca saiu de Portugal é que não percebe a importância destes projectos. Quem um dia for a Barajas, Aeroporto de Madrid, e depois apanhar o AVE (TGV) até Barcelona, vai perceber a importância destas infra-estruturas. É impossível, para Lisboa competir com cidades como Madrid ou Barcelona na captação de multinacionais, não é por acaso, que cada vez mais multinacionais deslocalizam a sua sede Ibérica para Madrid ou Barcelona. Até mesmo cidades como Sevilha, Valência, Bilbau ou Saragoça já se encontram num patamar superior. O problema não são os projectos em si, o grande problema de Portugal, é adjudicar-se um projecto com prazo de execução de 3 anos por 20 milhões de euros, e depois, constatar-se que o projecto teve uma duração de 9 anos e custou 400 Milhões. E mais grave ainda é constatar que isto foi uma prática generalizada em praticamente todas as obras públicas deste país, com constantes derrapagens orçamentais em prejuízo de todos os portugueses. Com nenhuma obra pública a ser concluída dentro do prazo e sempre a custar mais do que o orçamentado. O mais gritante é que durante estes anos todos nunca ninguém foi responsabilizado. Enquanto o dinheiro era dos outros nunca houve chatices, agora que a fonte secou, e temos que pagar do nosso bolso, o país paralisou. Os recursos são escassos e a fonte europeia não era inesgotável como muitos responsáveis políticos intrinsecamente acreditaram durante estes longos anos. Mas o que mais me causa estupefacção é pensar que somos um país pobre, sem recursos e que vivemos da caridade alheia, mas mesmo assim, ainda nos damos ao luxo de espetar 4 mil milhões de euros num banco arruinado. E o mais incrível é pensar que possam existir pessoas que pensam que um calote de 4 mil milhões de euros não tem que ser pago. Afonso Pinheiro Não foi com surpresa que assisti á vitória do candidato Cavaco Silva com 52,94% dos votos, a minha verdadeira surpresa, foi a dimensão da abstenção (52,47%) e os 4,5% do candidato José Coelho. Segundo o meu ponto de vista, a abstenção significa acima de tudo um desinteresse explícito do eleitorado, traduzido por uma preferência pelo lazer em detrimento da cidadania, a consequência, é uma profunda desvalorização de qualquer eleição, especialmente, quando essa preferência é massiva.
Mas mais preocupante é constatar uma possível inversão no comportamento do eleitorado, principalmente, se esta inversão se mantiver no futuro. Refiro-me, a uma tendência para votar em candidatos aberrantes como uma forma de exprimir desagrado político. É preocupante porque é um sintoma da clara degradação moral do país e uma regressão qualitativa da democracia. Sinceramente, sem elevação política penso que não vale a pena viver em democracia. Em relação, a postura do reeleito candidato, será expectável que existam diferenças, uma intervenção mais activa e um menor grau de tolerância em relação ao Governo. Mas não acredito em cenários de crise política provocados por Belém, porque o actual Presidente da República já foi Primeiro-Ministro e sentiu na própria pele os dardos da guerrilha presidencial, não creio que o Prof. Cavaco Silva tenha vocação para vilão e muito menos um perfil rancoroso, acredito mais na sua lucidez e sensatez. No entanto, existe sempre uma pequena margem de imprevisibilidade, especialmente, devido as suas declarações em relação ao Estatuto dos Açores, uma reacção que ninguém compreendeu muito bem. Afonso Pinheiro É com tristeza que acompanho a difícil situação do meu país e o estado lastimável a que chegou. Não acredito que Portugal possa melhorar porque as elites políticas estão niveladas por baixo. Não vislumbro neste preciso momento nenhuma alternativa política com capacidade de alterar o rumo dos acontecimentos. Para chegar a esta constatação baseio-me simplesmente nas mais recentes reacções políticas do Dr. Passos Coelho.
Num primeiro momento deu a mão ao PS para passar o PEC, num segundo momento, deu um braço adormecido para negociar e deixar passar o OE2011. Depois teve a desfaçatez de vir a público dizer que o Governo apenas iria cumprir as metas orçamentais porque o PSD permitiu um aumento de impostos. Não conheço nenhum político que alguma vez se tenha vangloriado ante os seus eleitores por ser responsável por uma subida de impostos. Alguém conhece algum? Para cúmulo ainda vem a público afirmar, se Portugal for resgatado pela União Europeia é um falhanço do Governo, dando a entender que o Governo não terá condições para continuar em funções. De facto, se Portugal necessitar ajuda externa é um falhanço do Governo, mas também do principal partido da oposição que não só aprovou um PEC como negociou em privado com o actual Governo o OE2011. É preciso ter lata para vir agora falar em falhanços, teria sido mais inteligente adoptar uma posição semelhante à do CDS-PP, assumir frontalmente que se estava contra o OE2011 e demarcar-se do Governo e deixar passar o OE. Aliás, se existir uma intervenção externa no país, o correcto seria dizer que foi um falhanço colectivo de toda a sociedade pós 25 de Abril. Mas o que me causa mais espanto é a irresponsabilidade política do principal partido da oposição, que perante uma tremenda crise económica e financeira, ainda pretende lançar o país numa crise política, e o mais grave, é que pretende utilizar o pretexto de uma intervenção externa para provoca-la, como se os parceiros externos (Alemanha, França e o FMI) estivessem com disposição e paciência para patrocinar os desvarios internos de Portugal. Imaginem o que é, um país solicitar uma ajuda financeira externa de 80 Mil Milhões de Euros para em seguida ficar sem Governo durante 4 ou 5 meses, cabe na cabeça de alguém? O Dr. Passos Coelho não soube antecipar e gerir o ciclo político em seu favor e ficou refém das suas acções e das suas palavras. E agora já não pode fazer nada, a não ser remeter-se ao silêncio e esperar. Perdeu completamente o sentido de oportunidade porque não soube demarcar-se do Governo em devido tempo. Afonso Pinheiro |